Bitcoin vs. Ethereum: Prova de Trabalho ou Participação? Quem vence?

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Cada rede blockchain, possui suas próprias regras e mecanismos de criar consenso na rede para validar transferências. As duas formas usadas dentro do blockchain são a Prova de Trabalho ou “Proof of Work(PoW), e a Prova de Participação” ou Proof of Stake (PoS). Neste artigo vamos detalhar melhor as particularidades de cada um desses métodos.

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⛏️Proof of Work ⛏️

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Como o nome deste método mostra, a Proof of Work é literalmente uma prova do trabalho computacional empregado, chamado de mineração.

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De forma simplificada, a prova de trabalho exige que cada bloco do blockchain verifique independentemente as transações registradas nele.

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E essa verificação é feita através da resolução de algoritmos criptográficos através de tentativa e erro por meio de poder computacional.

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O primeiro minerador que resolver essa operação, valida a transação de forma pública dentro da rede e ganha como recompensa por seus esforços um pagamento na criptomoeda da rede.

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Milhares de dispositivos de forma descentralizada competem para serem os primeiros a resolverem o algoritmo criptográfico, o que significa que há um consumo de energia para concluir os registros e obter consenso na rede.

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Com essa exigência, também há um limite para a quantidade de operações por segundo, o que faz com que não haja uma boa escalabilidade com este método. Além disso, os dispositivos com hardware mais potentes terão maior chance de conseguir a recompensa.

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nhttps://www.youtube.com/watch?v=QV_cJ57-ewIn
Explicação de como funciona a mineração via “Prova de Trabalho” ou “Proof of Work“.
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Este método é usado pelas principais redes, como a Bitcoin e a Ethereum. A segunda, no entanto, está em processo de alterar o mecanismo de consenso para Proof of Stake, sobre o qual falaremos a seguir.

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🧩Proof of Stake🧩

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Em blockchains que adotam o Proof of Stake, não há mineradores. Os atores são chamados de validadores, ou “cunhadores” uma vez que o novo bloco criado na rede não é baseado no trabalho computacional empregado, mas na quantidade de criptomoedas investida.

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Para validar uma transação, o usuário deve investir um mínimo de moedas estipulado pela rede em uma carteira específica. As recompensas pela validação de transações, portanto, são relativas à porcentagem de moedas investidas no total do blockchain epecífico. As recompensas também tem um custo-benefício bem maior em relação à Proof of Work, tendo em vista também que exige bem menos consumo elétrico das máquinas.

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Além disso, com os mecanismos de moedas congeladas e a necessidade validação a partir do consenso de detentores de 51% do valor total da carteira, qualquer tentativa de golpe fica muito mais complicada e a punição do infrator muito mais fácil.

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O princípio é que, como as pessoas precisam colocar suas próprias moedas na rede, ela se torna mais segura, já que é um incentivo para os validadores façam o consenso corretamente.

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Mas esse método também possui suas desvantagens, uma vez que ele alimenta o processo de enriquecimento de quem já possui mais. Quanto mais uma pessoa tiver investido, mais ela recebe pelas transações validadas.

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nhttps://www.youtube.com/watch?v=GowaGymDSLEn
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O Ethereum substituiu seu mecanismo de produção de blocos, abandonando o Proof of Work em favor do Proof of Stake.

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O artigo de hoje compara os dois modelos, de forma simples e objetiva.

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🔋 Energeticamente, Qual é Mais “Eficiente”?🔋

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Uma das críticas mais batidas ao  Proof of Work é a de que “consome energia demais”. Baseia-se numa falácia de duas faces

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  • Primeira: a de que “energia se gasta”. Lavoisier nos ensinou que “nada se perde, tudo se transforma”.
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  • Segunda: a de que o trabalho empreitado para encontrar recompensas depende mais do sistema de seleção de produtores de blocos do que do valor das recompensas.
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Paul Sztorc (2015) postula que o custo marginal das operações de mineração tende a ser praticamente igual à receita marginal esperada.

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Se uma blockchain promete 1.000 dólares em cripto para quem produzir seu próximo bloco válido, o produtor de blocos – seja no PoW ou no PoS – vai gastar até 999 dólares em trabalho pra conseguir essa recompensa.

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No PoW, esse gasto se traduz em contas de energia elétrica. No PoS, em manutenção de servidores de staking 24/7, empréstimos junto ao banco, ou outros custos de capital.

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Por mais que, no PoW, o impacto da eletricidade seja mais direto de verificar… no PoS, travar capital também tem um custo para a sociedade. Assim como manter servidores online, e uma série de outras atividades periféricas.

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Segundo Sztorc, somadas, elas se aproximarão do custo da recompensa sendo perseguida. Por mais que o PoS “obscureça” alguns dos custos do trabalho envolvido na produção de blocos, eles seguem se manifestando.

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Se definirmos eficiência como o “inverso da dispersão”, dá até pra dizer que o PoW é mais eficiente do que o PoS em converter energia em segurança.

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nhttps://www.youtube.com/watch?v=wWsFrPZimuAn
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🌐 Logisticamente, Qual é Mais Inviolável?

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Quão factível seria assumir controle de 50% da hashrate do Bitcoin, ou de 50% das moedas de ETH em staking?

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Qualquer tentativa encareceria a hashrate no processo (ou, no PoS, levantaria o preço das moedas), aumentando o custo do ataque também.

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Ambos os cenários apresentam desafios logísticos, mas não são impossíveis com planejamento e grana bastantes.

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No PoW, mineradores que operam com um mínimo de escala têm uma “pegada” de consumo energético difícil de esconder. Ainda dependem de uma cadeia logística (suprimento de máquinas) que pode ser interceptada.

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🏰 Praticamente, Qual é Mais Impenetrável?

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Ao contrário do que muitos pensam, se uma entidade maligna assumir >50% da hashrate (ou poder de stake) de uma blockchain, isso não significa o apocalipse. O negócio segue funcionando. Tem basicamente 2 coisas tenebrosas que o atacante pode fazer.

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👇A primeira são ataques de gasto duplo, através de re-orgs intencionais. Uma re-org é quando um bloco que você achava que tinha sido incluído na blockchain acaba se orfanando, porque a cadeia canônica se re-organizou noutra sequência de blocos (com mais hashrate acumulada).

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O atacante manda tokens seus pra uma exchange; vende-os por outros tokens; saca esses tokens da exchange e depois re-organiza os blocos pra “apagar” a transação na qual deixou seus tokens originais na exchange. Assim, ele “duplica” sua posição.

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Note que esse ataque não afeta usuários comuns. O adversário só consegue duplicar moedas das quais de fato foi dono na blockchain – não consegue tomar as suas, por exemplo.A segunda coisa que um atacante poderia fazer afeta, sim, a todos usuários. Trata-se de minerar blocos vazios… ou impedir, indefinidamente, que transações legítimas aterrissem na blockchain.

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Esse tipo de ação é economicamente irracional, mas poderia ser empreitada por um agente com “dinheiro infinito”, como um Estado-Nação.

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Diante de uma rede travada, nesse cenário, a comunidade tem alternativas diferentes no Proof of Work e no Proof-of-Stake.

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“Modos de Falha”“modo de falha” do PoW é trocar o algoritmo de mineração. Se o atacante tomou controle da maioria da oferta de hashrate especializada em SHA-256… existem outros algoritmos que obsoletam essas máquinas todas, e podem assegurar a rede do mesmo jeito. O contra-ataque exige coordenação social, extra-protocolo, e um hard fork. Em teoria, só funcionaria uma vez. Se o atacante assumir a maioria do estoque de máquinas especializadas nesse novo algoritmo, a situação se repete, e a confiança na moeda erode.

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“modo de falha” do PoS é slash” o stake do atacante. No PoW, a “pele em risco” do adversário é exógena ao protocolo (o valor que tem em equipamentos de mineração). No PoS, a “pele em risco” é endógena: são as moedas travadas em stake. O contra-ataque também exige coordenação social, mas está previsto no protocolo – seria um soft fork. A comunidade aponta o infrator, e lhe queima as moedas, anulando sua capacidade de produzir blocos.

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Uma “fortaleza de validadores”: o número de “nós completos” (full nodes) é uma métrica importante de descentralização, mas não depende diretamente do mecanismo de seleção de produtores de blocos (PoW ou PoS).
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🧠 Filosoficamente, Quem Vence?

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Bitcoiners se esbaldam nas críticas filosóficas ao Proof-of-Stake. Vejamos algumas:

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🗡️ Crítica: “É circular, porque quem tem as moedas… determina quem ganha as novas moedas”.
🛡️ Contraponto: No Proof of Work, quem tem mais dinheiro (seja denominado em U$ ou BTC) também compra melhores máquinas e determina quem ganha as novas moedas.

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🗡️ Crítica: “Não tem custo inforjável, nos termos de Nick Szabo, porque trava capital mas não o consome, então não satisfaz as ‘3 propriedades do dinheiro’“.
🛡️ Contraponto: Se o mercado atribui um valor ao ETH, e produzir novos ETH tem um custo de capital, esse custo pode ser denominado em unidades monetárias tão reais quanto as de qualquer outro.

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🗡️ Crítica: “Depende de verdade subjetiva”.
🛡️ Contraponto: Essa crítica nós ainda não entendemos. Tanto no PoW quanto no PoS os blocos estão lá, objetivamente verificáveis, as transações também, etc.

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A essa altura, você deve ter percebido: o problema de se assegurar uma rede monetária distribuída é bastante prático.

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Segurança não é filosófica! No fundo, PoW e PoS são só jeitos de selecionar produtores de blocos num ambiente adversarial – em que ninguém confia em ninguém.

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Segurança é uma propriedade quantificável de uma blockchain. Deriva da dinâmica econômica criada pela produção de blocos e os valores que eles alocam.

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Começar um ataque no Bitcoin hoje custaria 9 dígitos (~U$25M/dia em OPEX mais o CAPEX).

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No Ethereum, 10 dígitos (U$8 bilhões pra controlar >50% do stake).

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Os “modos de falha” dos dois modelos são conhecidos. Ambos têm alguma “jurisprudência”, um método decisório registrado na história – o DAO na Ethereum; a Blocksize War, no Bitcoin. As culturas das duas redes são notadamente distintas, e ajudam a prever, de certa maneira, como cada uma se comportaria sob risco existencial.

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O Bitcoin é oclocrático – quem exerce o poder é a plebe. É a ordem da minoria intolerante. O Ethereum é muito mais democrática (e isso não é um elogio).

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Que o mercado seja soberano, e que vença a melhor.

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Comparando PoW e PoS em 5 dimensões relacionados à segurança. Temos um empate técnico?
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♻️ Um Plot Twist

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Existe uma chance de que, em certo ponto, os bitcoiners sejam confrontados com um dilema. E forçados a sacrificar um de seus memes mais queridos, em favor do outro.

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Imagine que é 2050. A atividade transacional no Bitcoin cresceu, mas não o suficiente para substituir as recompensas por bloco, cada vez mais diminutas, na receita dos mineradores. A segurança do Bitcoin depende do quanto os mineradores recebem, então a rede vai “enfraquecer” até se tornar vulnerável a qualquer atacante endinheirado. Suponha que a Ethereum virou deflacionária depois do Merge, e seguiu assim desde então.

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Nessa situação, a comunidade pode optar por (1) embutir no Bitcoin uma inflação adicional, para compensar os mineiros pela receita perdida com os halvings… ou (2) seguir os passos do Vitalik, e migrar para um modelo criptoeconômico que entrega mais segurança com menos inflação; que pode até tornar a moeda deflacionária, e não fere o seu hard cap.

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Entre o limite de 21M, e o “Proof of Work“, qual propriedade você sacrificaria?

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opção de migrar para Proof of Stake é frequentemente ignorada por bitcoiners. Ironicamente, é uma das vias de escape do PoW, caso a coisa fique preta.

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PoW é um excelente meio de distribuição de moedas. Mineradores precisam vender a maioria das suas recompensas por bloco para custear energia e hardware. Na iminência de um ataque de 51%, a rede pode socialmente decidir criar um fork versão PoS, e pegar carona numa pool dispersa, já formada, de validadores.

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Se isso acontecer alguns anos adiante, o Bitcoin poderá tirar vantagem de todos os aprendizados da experiência da Ethereum.Mas pense conosco: trata-se basicamente do que a Ethereum fez! Usou PoW pra criar uma distribuição global de moedas, e agora migrou pra PoS – a única diferença é que não esperou por um ataque de 51% para mexer a bunda.

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história das moedas mágicas da internet ainda está engatinhando, e é difícil projetar anos, quiçá, décadas, adiante.

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Se você anseia por uma opinião nossa, hoje, “ranqueamos” PoW na frente de PoS. Mas, quanto mais a Ethereum sobrevive, mais a supremacia da prova-de-trabalho entra em cheque.

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🧠 Dicas de Leitura

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🌶️ On Stake & Consensus (Andrew Poelstra, 2015)
Paper seminal do Poelstra que é uma das críticas mais citadas ao PoS até hoje.
🤑 Nothing is Cheaper Than Proof of Work (Paul Sztorc, 2015)
Primeira aparição do argumento de que MC = MR (custo marginal = receita marginal). Isto é, produtores de blocos vão gastar recursos na ordem da recompensa que esperam receber, independente de qual for o “mecanismo de trabalho”.
🕰️ Work is Timeless, Stake is Not (Hugo Nguyen, 2018)
Uma justificativa temporal pra explicar como o “trabalho acumulado” no PoW é mais resistente que o stake acumulado” no PoS.
🗑️ Proof of Stake is Less Wasteful (Eric Wall, 2019)
Um compilado de argumentos dos 2 lados, que sumariza as defesas mais modernas do PoS.
👽 Why Proof of Stake (Vitalik Buterin, 2020)
A justificativa do próprio Vitalik para sua preferência pelo Proof of Stake. 

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