Quem tem medo dos serviços Peer-to-Peer (P2P)?

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A reação do estado contra os aspectos mais impressionantes da economia da era digital está acontecendo.

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Eu estou esperando por isso há anos, tendo noção que não podemos sair do antigo mundo de controle e de taxação governamental para o novo mundo de soberania pessoal sem nos engajarmos no front intelectual.

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O que faltava até recentemente era como os estados e corporações exatamente iriam reagir a isso tudo. Agora está ficando mais claro. Os adversários do livre mercado se recusam a aceitar aquilo que eles supostamente têm defendido por gerações: empoderamento popular.

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A revolução tecnológica da última década deu origem a uma reestruturação maravilhosa de alguns aspectos importantes da vida econômica.

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Os mais importantes se encaixam nos rótulos de “economia compartilhada” ou de “economia peer-to-peer (P2P)”. As pessoas que fazem parte dessa economia, representam uma forma improvável de reviravolta nas já obsoletas ideias marxistas, se compreendidos de forma correta: todos podem acessar e controlar os meios de produção. Parece um sonho socialista, mas está sendo feito através da propriedade privada, do empreendedorismo, e da universalização do espírito comercial.

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As novas invenções são caracterizadas pelo acesso livre: qualquer um com uma conexão de Internet pode participar.

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Maravilhoso!

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Os exemplos mais proeminentes são divisão de caronas, empréstimos peer-to-peer, serviços de táxi urbanos privados, soluções de aluguéis de imóveis temporários, serviços de limpeza doméstica sem vínculos empregatícios, serviços técnicos sem vínculos empregatícios, venda de criptomoedas via P2P, impressoras 3D e por aí vai. Esses serviços conectam produtores com consumidores diretamente em uma via de mão dupla usando soluções inteligentes de interfaces digitais, a maior parte delas inventadas por programadores jovens, de fora do establishment, que estão deixando para trás o status quo.

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Toda essa abordagem pode ser considerada uma etapa muito avançada de anarco-capitalismo em que mediadores exercem cada vez menos poder sobre quem pode e quem não pode participar.

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Contra a inovação

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Quem poderia ser contra essas inovações? A resposta é bem óbvia: interesses econômicos estabelecidos que podem perder seus antigos monopólios regulamentados e protegidos pelo governo. Serviços de táxi municipais, por exemplo, se sentem muito ameaçados por serviços como Uber, que permite que qualquer um vire um fornecedor de serviços de transporte. Os monopólios estabelecidos estão pedindo aos governos que tomem alguma atitude e estão tendo um sucesso moderado.

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Serviços como o Uber estão ampliando a segurança. Eles permitem que pessoas bêbadas demais para dirigir apertem um botão nos seus celulares e consigam chegar em casa em segurança. Os monopólios de táxi poderiam ter oferecido serviços igualmente eficientes, mas sem competição, a motivação que gera progresso desaparece.

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Rentistas querem o status quo

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Também podemos esperar que a indústria de hotéis, que é obrigada a pagar altos impostos e obedecer regulações extensas, reclame sobre serviços de compartilhamento de quartos como o AirBnB, que não tem os mesmos gastos. Indivíduos com um quarto sobrando em sua casa ou apartamento podem cobrar menos – às vezes muito menos – do que empresas estabelecidas da indústria.

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E banqueiros podem se irritar com serviços de empréstimos peer-to-peer. Bancos centrais estão nervosos com o surgimento do Bitcoin. Essa é a reação dos interesses econômicos estabelecidos contra inovações que ameaçam a sua vantagem competitiva no status quo atual.

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Essa resposta é exatamente o esperado em qualquer período de grande mudança causada por inovações econômicas. Rentistas não gostam de perder suas posições de poder.

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Mas e quanto à oposição ideológica? Aqui é onde as coisas ficam estranhas.

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Os adversários do capitalismo têm reclamado por mais de um século do poder que o capital tem sobre a força de trabalho, tudo baseado na ideia de que os trabalhadores têm direito a uma porção legítima da propriedade dos meios de produção e a parte dos lucros da empresa. Eles têm dito que isso é exploração. Eles têm defendido um sistema em que o poder que pertence ao capital é transferido para os trabalhadores.

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Mas com a propriedade, vem o risco

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É verdade que sob a economia compartilhada, trabalhadores são donos de seus próprios empreendimentos. Em vez de depender da “burguesia” para decidir salários independente da produtividade, os trabalhadores ganham dinheiro como resultado direto dos serviços que oferecem.

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Então é claro que com a propriedade dos meios de produção, vem o risco. Um sistema em que corporações suportam todo o risco mas não recebem nenhuma recompensa não pode funcionar. Igualmente, um sistema em que trabalhadores são donos do capital e recebem todos os ganhos sem nenhum risco envolvido é insustentável. É como dar boas notas para pessoas que não fizeram a prova, ou fazer a prova sem a perspectiva de ganhar boas notas. Os dados resultantes não vão significar nada. Seria um caos total.

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O que esse argumento indica é uma falha central na ideologia socialista. Por séculos, socialistas tem falado sobre o empoderamento dos trabalhadores e a propriedade coletiva dos meios de produção. Mas eles nunca lidaram com um problema que deveria ser evidente: quem ou o que deve suportar o risco e a recompensa da especulação? Afinal de contas,  ”todo investimento de capital é especulativo“, escreveu Ludwig Von Mises, ”Seu sucesso não pode ser previsto com certeza absoluta.” E é assim com todo motorista na economia compartilhada, cada hospedeiro no mercado de compartilhamento de quartos, cada pessoa que tem Bitcoin em auto-custódia.        

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Planejadores não conseguem alocar risco

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Bem-vindo ao mundo real. É um lugar maravilhoso. A alocação exata do risco associado ao investimento não pode ser prevista por nenhum agente planejador. A alocação de riscos deve ser descoberta pelo mercado. Com serviços P2P, que estão descentralizando o ethos capitalista de forma radical, nós estamos descobrindo que trabalhadores na verdade querem suportar mais risco – com a esperança de ganhar mais do que ganhariam em trabalhos assalariados.

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Portanto, a conclusão é de que a nova economia compartilhada é maravilhosa comparado com os sistemas econômicos corporativistas, monopolistas e mercantilistas gerenciados pelo Estado que tem sido a norma nos últimos 1000 anos.

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Não importa o quanto o capitalismo evolua na direção do controle direto dos trabalhadores e da soberania individual, reduzindo o papel das grandes empresas e dos monopólios, os socialistas ainda usam o velho argumento da exploração e pedem para que o governo faça alguma coisa a respeito.

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Lá se vai a revolução. São os capitalistas da era digital que recapturaram o idealismo revolucionário que os socialistas abandonaram há tempos.

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